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Queda na utilização do exame de PSA está resultando em doenças mais avançadas

Durante o Congresso Americano de Urologia, que aconteceu em San Diego, na Califórnia, entre os dias 06 e 10 de maio, foi apresentado um estudo que mostrou a redução na frequência de utilização do exame de PSA (antígeno prostático específico) em decorrência da recomendação de um grupo de especialistas que definem as diretrizes para instituições governamentais e planos de saúde nos Estados Unidos. O U.S. Preventive Services Task Force (USPSTF) é um grupo independente de especialistas escolhidos pelo Governo dos Estados Unidos para fornecer orientações médicas baseadas em evidências na prevenção e rastreamento de doenças, cuja última recomendação foi contra o exame de PSA de rotina, utilizado para diagnóstico, monitorização e controle da evolução do câncer de próstata.
 
Na análise multivariada, que controlou para todas as co-variáveis sociodemográficas disponíveis, o nível de PSA foi maior em homens diagnosticados após 2008 do que naqueles diagnosticados antes (20,7 por 17,1 ng/mL) e havia mais biópsias de tumores mais agressivos depois de 2008 (30,9% para 24,9%). Isso mostra que esta redução no rastreamento do câncer de próstata está causando aumento dos casos mais avançados e com mais frequência de metástase no momento do diagnóstico, ou seja, a fase incurável.
 
Homens mais velhos tinham 20% mais probabilidade de serem diagnosticados com câncer de próstata de alto risco após 2008 do que antes e tiveram 34% mais chance de serem diagnosticados com doença metastática. Quando os homens foram classificados pelo índice de Charlson-Deyo (utilizado para ajustar indicadores de desempenho por risco), os homens saudáveis enfrentaram um risco maior para um diagnóstico avançado.
 
É surpreendente que este risco mais elevado só foi visto em homens que eram saudáveis, pois na verdade, este grupo poderia ter sido omais beneficiado no diagnóstico precoce e tratamento. O segundo estudo apresentado no Congresso da Associação Europeia de Urologia (EAU) de 2016 e no Congresso Americano de Urologia 2016, analisou o efeito das orientações do USPSTF em 2011, cuja recomendação é contra o uso rotineiro do exame de PSA para todos os homens, independentemente da idade.
 
Utilizando dados da pesquisa do National Ambulatory Medical Care, o grupo do professor de medicina Dr. Cristopher Meyer, do Hospital Brigham and Women?s, em Boston, avaliou a prevalência do teste de PSA por médicos de cuidados primários (incluindo geral, familiar e medicina interna) e urologistas em 2010, antes da recomendação de 2011, e em 2012. A mensagem é clara: ambas diminuíram de 2010 para 2012. No entanto, enquanto entre os urologistas a diminuição não foi significativa (38,7% para 34,5%), houve uma diminuição relevante para os médicos de cuidados primários (36,5% para 16,4%).
 
Em 2012, a diferença na prevalência de triagem entre médicos de cuidados primários e urologistas foi estatisticamente significativa. A razão dessa diferença é que embora reconhecendo que os urologistas provavelmente viram uma população de paciente diferente dos médicos de cuidados primários, Dr. Meyer acredita que é uma questão de orientação.
 
Os estudiosos estão mais inclinados a utilizar as orientações de urologia da Associação Americana de Urologia e da Associação Europeia, que aconselham para a tomada de decisão compartilhada e consentimento informado entre o provedor e o paciente. Isso mostra que eles estão menos inclinados a utilizar as recomendações da USPSTF que, a propósito, não tinha um urologista em seu painel.
 
Para avançar, é necessário continuar o diálogo interdisciplinar para alcançar uma declaração de consenso em relação ao rastreio do câncer de próstata. O professor de medicina da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, Dr. Jonas Hugosson, declarou que o movimento da USPSTF está longe da triagem universal, então essa é uma tentativa de equilibrar os danos com os benefícios do rastreio de PSA. O especialista também afirmou que eles têm as suas próprias preocupações.
 
Ao invés de reduzir a triagem para minimizar os danos, Dr. Hugosson acredita que deve ser uma questão de refinar a triagem. Há uma pesquisa em andamento que tenta selecionar os homens certos para biópsias com o objetivo de diminuir o risco de excesso de diagnósticos. Ele está bastante otimista que vão chegar a um equilíbrio em que o benefício será maior do que os danos da triagem.

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